domingo, 9 de maio de 2010

Diário de uma filha



Princesa da Inglaterra. Era assim que minha mãe me chamava. Mais precisamente 'princesa da Gagaterra'. Ela tinha um jeito todo particular de colocar apelidos em mim. Não que eu fosse mimada, mas a minha mãe era minha fã nº 1. Claro!

Eu era teimosa (ainda sou) e pegajosa. Daquelas que grudam em você até você dizer o que tem de errado. Eu sempre tive essa coisa de pele. Herdei do ventre da minha genitora.

Nunca tive problemas por ser filha única. As pessoas estão sempre dizendo 'olha, ser filho único é muito ruim; você pode crescer um adulto solitário, esquisito, triste'. Nunca fui solitária ou problemática. Tive uma infãncia normal e não passei por nenhuma 'fase de adolescente'. Acho engraçado que as pessoas sempre criam um mundo em que todo mundo deve ter algum tipo de problema...

A falta de um pai em casa também nunca afetou o meu caráter ou minha vida estudantil ou profissional. Hoje, meu pai é meu grande amigo e companheiro para todas as horas. Este, sim, faz meus gostos. E eu gosto.

Minha mãe viveu pouco. Morreu antes de completar 50 anos. Era alegre, ativa, determinada, sonhadora, romântica, decidida, forte e segura. Era incrível como ela não tinha medo de nada. Eu, ao contrário, tremo na base ao ver uma barata na minha frente. Luto pra vencer esse meu medo.

Lembro de nós duas assistindo ao seriado Gilmore Girls. Era como se estivéssemos assistindo à nossa vida. Algumas mães se entregam ao rótulo de 'mãe solteira', mas não era o caso dela.

Lembro de quando assistimos o filme 'O Diário da princesa' e ela dizia que era o filme perfeito pra mim. Mães sempre exageram no amor, né??

Lembro de quando ela viu o filme Legalmente Loira e disse 'este é o seu filme, Thayse'. Estava no começo da faculdade de Direito. Ela era muito a minha fã nº 1. E não escondia de ninguém.

Passamos por muitos momentos juntas. Caímos, levantamos, aprendemos. Fomos mãe e filha. Tudo o que ela queria era que eu fosse feliz. Típico de toda mãe.

E no último momento em que esteve comigo, ainda lembro, ela não olhou para trás...Ela não era do tipo de mulher que olhava pra trás...

Ela não me deixou...Não foi embora. Ela apenas foi e disse 'toma conta de tudo'.

Não verdade, hoje, eu entendo o que ela quis dizer....

....Ela sempre quis que eu aprendesse a cuidar de mim...Justo. Afinal, era cuidou de mim a vida inteira.

Eu entendi, mamãe. Eu entendi porque não se olha pra trás.

Como sempre você me ensinando a viver.

Obrigada por EXISTIR!

Te amo, AMOR DE MÃE!

2 comentários:

Kika (A.K.A Érika Oliveira) disse...

Thayse, uma das coisas que mais admiro em você foi a força que você conseguiu após a morte de sua mãe. Hoje você tem a capacidade de lembrar dela como se fosse um anjo que sempre está do seu lado. Realmente todas as palavras que você disse fez ficar extremamente emocionada. Não por tristeza, e sim pela alegria de existir ainda pessoas que amam seus pais mesmo estando perto de nós ou não.
Admiro você demais minha amiga. :)

Mandy Evergreen disse...

uau, Thayse. Fiquei emocionada. Eu nao tava a fim de postar nada sobre minha mãe no blog de hoje, minha relação com ela só foi boa até meus 2 anos.. :/ Mas admiro muito muitooo³ quem tem um amor assim pelos pais em geral, e fico feliz por vc ter superado a morte da sua mãe...
Seu texto é muito tocante. Obrigada por ele! Se cuida, menina. BSBeijos :*

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